sexta-feira, 22 de maio de 2009

Classificação viral


Dadas as suas características estruturais, por não terem metabolismo e só se replicarem quando invadem outras células invés de se multiplicarem reprodução assexuada ou sexuada, os vírus não se adequam a nenhum dos sistemas de classificação biológica.
Inicialmente, os vírus foram classificados pelo hospedeiro que infectavam: bacteriófagos, vírus de animais, vírus de plantas. Os vírus de animais eram classificados de acordo com os tecidos do hospedeiro onde se replicavam: dermotrópicos (pele e mucosas), neurotrópicos (tecido nervoso), viscerotrópicos (trato gastrointestinal) e pneumotrópicos (trato respiratório). Actualmente, os critérios para a classificação dos vírus abrangem o tipo e a estrutura do ácido nucleico, a sequência de nucleótidos, o modo de replicação, a morfologia, a presença ou ausência de invólucro, a gama de hospedeiros e relações filogenéticas.
Foi proposto pelo Comité internacional para Taxonomia dos Vírus um sistema de classificação dos vírus que actualmente é reconhecido cientificamente. Neste sistema, os vírus conhecidos estão classificados e distribuídos em 3 ordens, 71 famílias, 11 subfamílias e 175 géneros. Embora muitos dos vírus conhecidos tenham sido classificados em géneros, um número significativo de vírus não foram colocados num género reconhecido, ou insuficientemente distinguidos dos géneros reconhecidos de modo a formarem novos géneros. Destes vírus faltam os dados de biologia molecular e sobre seus modos de replicação. Dentre os cerca de 30 mil vírus em estudo apenas cerca de 3 mil vírus estão classificados.

Ordens

Ordens reúnem famílias de vírus que compartilham características comuns e que são distintas de outras ordens ou famílias. A Ordem é designada pelo sufixo virales. Apenas três ordens foram propostas pelo comité até ao momento:
•Ordem Mononegavirales: reúne as Famílias Filoviridae, Paramyxoviridae e Rhabdoviridae. Vírus com ultra-estrutura complexa com cápsides cobertas com invólucro e genoma constituído por uma única molécula de RNA de cadeia única negativa linear.
•Ordem Nidovirales: reúne as Famílias Arteriviridae, Coronaviridae e Roniviridae. Vírus com ultra-estrutura complexa com cápsides cobertas por um invólucro e genoma constituído por uma única molécula de RNA de cadeia única positiva linear.
•Ordem Caudovirales: reúne as Famílias Myoviridae, Podoviridae, Siphoviridae. Bacteriófagos sem invólucros constituídos por uma cabeça icosaédrica e uma cauda helicoidal, ou em forma de bastão, ou formada por discos empilhados. Caudas contrácteis ou não-contrácteis, rígidas ou flexíveis. Os genomas são constituídos por uma única molécula de DNA de cadeia dupla circular.
As enumeras famílias virais não se encontram, ainda, organizadas em Ordens.

Famílias e subfamílias

Famílias reúnem subfamílias e géneros de vírus que compartilham características comuns e que são distintas de outras subfamílias e géneros. As famílias são designadas pelo sufixo viridae e as subfamílias pelo sufixo virinae. As famílias são grupos taxonómicos que reúnem vírus com filogenias comuns, ainda que distantes, reunindo, portanto, vírus com morfologias, estruturas genéticas e estratégias de replicação distintas.
Nas quatro famílias, Poxviridae, Herpesviridae, Parvoviridae e Paramyxoviridae, subfamílias foram introduzidas para permitir uma hierarquia taxonómica mais complexa.

Géneros

Géneros reúnem as espécies que compartilham características comuns e que são distintas de membros de outros géneros. Os géneros são designados pelo sufixo virus. A determinação da espécie viral é, actualmente, uma questão difícil e os parâmetros definitivos para tantas diferenças ainda estão para serem estabelecidos. Propriedades tais como a constituição genética e propriedades estruturais, físico-químicas e sorológicas podem ser consideradas.

Espécies

Nenhuma espécie de vírus está, ainda, formalmente estabelecida.

Nomenclatura formal

Segundo ICTV, na nomenclatura formal, os nomes das ordens, famílias, subfamílias e géneros são escritas com iniciais maiúsculas e em tipo itálico. Como ainda não há denominações para espécies de vírus, a nomenclatura formal dos vírus não utiliza termos binomiais latinizados e os vírus recebem nomes de acordo com a patologia a que estão associados seguido da designação do sorogrupo, caso algum tenha sido identificado. Os nomes dos vírus são escritos em minúsculas e em tipo regular, não italizado, a menos que os termos derivem de nomes de lugares, da família do hospedeiro ou do nome do género. O nome do taxon deve ser precedido do termo para a unidade taxonómica, por exemplo, a família Flaviviridae, o género Flavivirus.

Fábio Espanhol

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