segunda-feira, 9 de março de 2009

Psicologia/Psiquiatria

Actualmente, um dos principais problemas que o psicólogo enfrenta – nomeadamente o psicólogo clínico – é a inferiorização face ao psiquiatra, sendo este possuidor do poder médico, assumindo na área da saúde uma postura de apenas especulação do pensamento social, ao que a medicina e a ciência entendem como o auge de uma cultura de procura da verdade científica.
O termo terapeuta (do grego therapeutés ) significava originalmente “o que cuida, servidor ou adorador de um deus”, por isso o poder médico baseia-se num poder magico-religioso, acreditando-se que a cura da doença exige a intervenção de um médium dotado de um dom ou carisma, embora sejam necessárias as forças divinas.
No entanto, na sociedade de hoje, associa-se o poder médico ao poder da ciência, que procura a verdade científica dos factos – dogma do século XXI. A ciência e a tecnologia, pilares da medicina actual, definem o que devemos ou não acreditar, tendo também um carácter mágico-religioso, aquando da sua acção reguladora da sociedade nas suas convicções, pela sua austeridade.
A psiquiatria possui os dois poderes, que na verdade é apenas um, cujo sentido manifesta-se na biologização do comportamento humano. Este processo consiste na utilização do medicamento pelo psiquiatra, para alterar o comportamento humano.
Por outro lado, a psicologia provém de uma escola do pensamento, não possuindo poder médico, mas tendo sim um carácter interpretativo. Torna-se então clara a dificuldade do psicólogo em impor a sua actividade, visto que a nossa sociedade se encontra numa permanente busca pela “segurança” médica, neste caso o medicamento que o psiquiatra lhe pode fornecer.
A psicologia dinâmica, parte de um pressuposto holístico – que concebe a realidade como um todo – que sobretudo respeita a complexidade humana, ao considerar que o seu estudo deve incidir em vários pontos, fornecendo assim um horizonte que compreende as dimensões biológica, psicológica e social.
Em suma, a psicologia deve impor o seu conhecimento, perspectivas e convicções, e para isso há que os próprios psicólogos contribuam para tal, respeitando e fazendo respeitar o seu trabalho.


Fonte: Blogue “Psicologizando...” de Ricardo Pina (http://psicologizando.blogspot.com/)


Até ao próximo poste,
Inês Henriques.